José Sócrates foi, nos últimos anos, o Primeiro-Ministro mais violentamente atacado pela Comunicação Social portuguesa. E, na sanha persecutória, desencadeada contra o antigo governante socialista, e que em grande medida conduziu à sua queda, destacaram-se, pela insistência e pela virulência, os seguintes cinco jornalistas: José Manuel Fernandes, Manuela Moura Guedes, José António Saraiva, Vasco Pulido Valente e Mário Crespo. A ordem é aleatória, e não se pretende fazer aqui a análise das razões, políticas e ideológicas, subjacentes a tal perseguição. O espaço seria insuficiente, e, por isso, vamo-nos ater apenas a um deles: Mário Crespo, que, há coisa de dias, foi o centro de mais um conflito jornalístico. Desta feita, despediram-no sumariamente do Expresso, por falta de ética e de respeito para com a Direcção do mesmo jornal. Dito de outra maneira: na sua última crónica, publicada no semanário em questão, não se coibiu de ser menos elegante para com os colegas que o haviam convidado, segundo consta, a peso de oiro, para ser mais um deles. Em tal emergência, só uma porta se abria a Mário Crespo: a da rua.
Mas quem é Mário Crespo? É um retornado de Moçambique, que nasceu em Coimbra. Logo a seguir à independência deste ex-território português do Índico, escapuliu para a África do Sul, e aí viveu algum tempo. O período era ainda do famigerado Apartheid. Pormenor não menos despiciendo: antes, e no cumprimento do serviço militar, fora assessor de imprensa do General Kaúlza de Arriaga, então Comandante em Chefe das Forças Armadas portuguesas estacionadas na mesma colónia.
De regresso a Portugal, Mário Crespo integrou os quadros da RTP, da qual foi correspondente em Washington. Deixou o canal público, em termos não muito pacíficos, apesar de uma rescisão do contrato de trabalho, por alegado mútuo acordo. O certo é que, a partir daí, a RTP é um tema recorrente das amargas recordações de Mário Crespo, e, porventura, também o contrário.
Entretanto, aparece na SIC Notícias, como pivot do jornal das Nove,e, nessa qualidade, o alvo das suas atenções foi, como sempre, José Sócrates e os seus executivos. Em paralelo, continuou nessa senda, através do programa Plano Inclinado, onde teve como convidados os insuspeitos Medina Carreira, João Duque e Nuno Crato.
Um artigo, de ataque contundente, para variar, ao então Primeiro-Ministro José Sócrates, que a Direcção do Jornal de Notícias recusou publicar, ditou o seu afastamento deste Diário da capital nortenha.
Mário Crespo é um exemplo claro de alguém que quer ser político, jornalista e protagonista. Tudo ao mesmo tempo. Mário Crespo parece acreditar que a Esquerda é responsável pelas desgraças, pessoais e profissionais, que lhe aconteceram na vida, desde o 25 de Abril de 1974. Por isso, Mário Crespo parece ser alguém que só quer ajustar contas com a Esquerda, servindo-se, para o efeito, dos vários púlpitos jornalísticos que generosamente lhe tem vindo a oferecer. O seu conflito com a Direcção do Expresso não é propriamente uma surpresa.
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