É o corpo eléctrico e nimboso que dispara fagulhas douradas por todos os poros. É a luz que brilha mais forte no meio de outras luzes. É a boneca, alada e vaidosa, que foge para o voo, pensando na mana. O resto, além do paleio entre doutores, é tudo adereços fortuitos. Os brincos enormes que pendem pesados. O salto impiedoso que fere a alcatifa, sem esquecer a objectiva. Os anéis volumosos e voluptuosos, que, em planos grandíssimos, desafiam as câmaras e a enorme plateia. O trapo do último grito, que suscita a inveja mais a cobiça. Tudo à medida dos seus desejos e caprichos, escritos no guião contratual previamente estudado. É a primeira entre iguais. Nas conversas, da parte dela, nem entrevistas nem dúvidas. São opiniões, informações, sentenças e respostas. E depois, é só sentir o efeito e a ressonância das suas próprias e sábias palavras. Puxa, repuxa e entorta os lábios, com destaque para o superior, que a cosmética cirúrgica inchou e o bâton da moda acentuou. Observa à direita e à esquerda. Ora para o residente, ora para o convidado. Os olhos, esses, não param. Pudera, também comem! Mesmo quando uns óculos soberbos, em momentos de desenfado e em leituras fugazes, provocam o espanto. Afinal precisa de próteses! Só lhe faltam as sarnas. É o espectáculo da noite em hora de ponta. Por pouco seria uma stand up comedian e talvez venha a sê-lo. A resposta milionária à concorrência feroz. Vem de outros tempos e de outros senhores. Ser estrela é o seu destino e a sua tragédia. No fim, e para a surpresa de todos, tem poderes ocultos que confessa orgulhosa à imprensa sedenta. Derruba ministros e faz cair gabinetes, em questão de minutos. Temos diva e magia. Temos Maquiavel e Mulher. Temos olhos nos olhos!
. CORRENTE DE CONSCIÊNCIA -...
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. CADERNOS DO SUBTERRÂNEO (...
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